Já comentei em uma outra publicação que só pelo fato de o ovo ser um alimento de sabor neutro ele pode ser utilizado para o preparo de receitas doces e salgadas, que facilitam a sua utilização no dia a dia.
Assim, o ovo pode ser utilizado na forma de suflê e pode ser acrescido na sopa tornando a preparação mais nutritiva e proteica. Para aqueles que gostam de um mingau, a gema é bem-vinda e o merengue, preparado com a clara, é uma forma atrativa de sobremesa proteica. Mas, de acordo com a nutricionista de Instituição de Longa Permanência do Idoso (ILPI), Gláucia Conzo, a forma de consumo preferida pelos idosos é o ovo frito.
A textura macia do ovo é um outro atributo, pois facilita a mastigação e deglutição pelo idoso, independente da utilização ou não de prótese, e isso evita engasgos. E você caro leitor, que já entrou para a casa dos sessenta pode estar se perguntando “ora essa, engasgos?”.
Sim! Temos hoje uma população acima de 80 anos, que, em 2020, passou dos 4 milhões, e que, em 1950, era de 153 mil. Todos eles merecem cuidados especiais a cada dia que passa.
Pensando em cuidados especiais, o ovo é uma fonte importante de proteína, de fácil digestibilidade e por isso seu consumo é tão importante para atender a demanda de 1,2 g/kg diária e contribuir com a manutenção de massa magra. Entretanto, é importante deixar claro que a prática de atividade física também é fundamental.
Com o passar do tempo, o idoso tem um declínio cognitivo natural do processo de envelhecimento, e a colina, uma vitamina do complexo B, é um ingrediente fundamental para todas as células, que têm sua deficiência relacionada a esteatose hepática. Estudos mostram que as populações dos Estados Unidos e do Canadá não consomem as quantidades de colina necessárias para atender a demanda do organismo.
Quando o assunto é função cognitiva, a colina é precursora de acetilcolina, responsável pela transmissão do impulso nervoso e da fosfatidilcolina, responsável pela integridade da membrana e manutenção da estrutura e função cerebral. Existem evidências de que a ingestão de colina nos 1000 dias de vida influencia o organismo e a cognição ao longo da vida.
Entretanto o consumo de colina ao longo da vida é fundamental pelo fato de haver uma alteração na absorção da pessoa idosa. O ovo, rico em fosfatidilcolina, tem muito a colaborar com a memória, já que é uma grande fonte deste nutriente.
É importante considerar que as demais vitaminas do complexo B presentes no ovo (B1, B2, B3, biotina, ácido pantotênico, vitamina B12) atuam sinergicamente e melhoram a condição do indivíduo.
O mesmo ocorre com as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), que fazem parte deste conteúdo nutritivo que é a gema, tão importante para a nutrição destes “super idosos”. Em se tratando de vitamina D, fundamental na saúde desta população, está presente no ovo e é importante considerar que ele é um alimento de fácil acesso e contribui com a nutrição do idoso.
A gordura presente na gema composta por uma grande quantidade de ácidos graxos mono e poliinsaturados, que são aliados do coração, favorece a absorção dos carotenoides luteína e zeaxantina, que apresentam função antioxidante e protegem os olhos da luz. Além disso, a revisão sistemática indica que os carotenoides suplementados teriam impactos positivos nas funções cognitivas em diferentes faixas etárias.
Que o ovo é um alimento rico em nutrientes nós não temos dúvidas, mas não comemos nutrientes. A alimentação é feita com aromas, sabores, saberes, memórias afetivas que fazem toda a diferença no dia a dia das pessoas.
Lúcia Endriukaite, nutricionista do IOB.
Referências:
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