Por Daniel Miranda, gerente global de produtos monogástricos da ICC, empresa líder em soluções nutricionais naturais à base de leveduras para produção animal.
A utilização de antibióticos sempre teve o intuito de prevenir enfermidades nas aves. E essa classe terapêutica cumpriu bem o seu papel. Como passar dos anos, esses medicamentos ganharam novo propósito e começaram a ser usados também como promotores de crescimento.
O uso constante de antibióticos na avicultura resultou no aparecimento de superbactérias. Um estudo da Embrapa estima que morrem 700 mil aves por ano devido à resistência aos antibióticos. Isso acontece porque as bactérias possuem capacidade natural de se adaptarem às mudanças dos ambientes. Assim, esses micro-organismos resistentes acabam sendo transmitidos aos seres humanos pelo contato com os animais, água e outras vias contaminadas.
No caso dos frangos de corte, o uso de antibióticos como promotores de crescimento está proibido em alguns países, porém algumas moléculas seguem permitidas no Brasil para prevenção contra Salmonella, E. coli e Clostridium. Para evitar a presença de resíduos na carne e subprodutos, a legislação brasileira prevê período obrigatório entre o tempo de uso dos antibióticos e o abate das aves, cujo cumprimento pode ser monitorado em laboratório.
É importante entender que o trato gastrointestinal, além de ser responsável pela digestão e absorção, também é um órgão responsável por respostas imunes do organismo. Em especial nas aves, aproximadamente um quarto da mucosa intestinal é composta por tecido linfoide e mais de 70% deste são células do sistema imunológico.
Segundo a Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS), da Embrapa Suínos e Aves, uma tendência crescente em termos de alimentação animal está relacionada à imunonutrição, isto é, ao fornecimento de nutrientes específicos (imunonutrientes) via dieta do animal, com o potencial de modular a atividade do sistema imune, evitando perda de desempenho.
Os imunonutrientes podem alterar diretamente a resposta pró-inflamatória por meio do reconhecimento das células intestinais ou proporcionar condições entéricas para a expressão indireta dessa resposta, seja por meio da modulação da microbiota intestinal seja por produtos da fermentação bacteriana que ocasionam uma modulação da resposta imune.
São considerados imunonutrientes: aminoácidos (glutamina, arginina, cisteína, taurina), nucleotídeos, lipídios (ômega-3 e ômega-6), vitaminas e minerais (vitaminas A, C e E, zinco e selênio), além dos probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e extratos vegetais, entre outros.
Um grupo muito especial de imunonutrientes, extremamente importante e funcional, é composto pelas β-glucanas, que podem ser encontradas de diversas formas em alguns alimentos, porém para apresentar atividade funcional imunomodulatória devem estar na forma β,1-3 e β,1-6, o que pode ser encontrado principalmente na parede celular das leveduras. As β-glucanas são conhecidas por seus benefícios à saúde, como melhoria da função imunológica e vários estudos científicos comprovam isso.
A partir da imunomodulação, as β-glucanas “ajustam” a resposta imune do organismo para que ele fique em estado de alerta, ou seja, caso haja algum desafio a resposta pró-inflamatória será mais rápida e eficiente, sem que haja, com isso, superestimulação do sistema imune, prevenindo danos ao epitélio intestinal ou gasto metabólico excessivo.
Com esse recurso, os avicultores têm à disposição uma ferramenta que pode fazer parte do programa de racionalização do uso de antibióticos, tornando a produção mais sustentável (a curto e longo prazo) e priorizando a qualidade de seu produto final. O resultado, evidentemente, é rentabilidade maior.
Fontes: Mariana Tabatiano, comunicação Corporativa.