AMBIÊNCIA NOS AVIÁRIOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A AVICULTURA

A importância da ambiência no desempenho e sanidade das aves

Historicamente os produtores de aves aumentam sua preocupação com o manejo da ambiência em aviários na chegada do inverno, com a possibilidade de temperaturas negativas ou muito próximas a zero graus em determinadas regiões. Essa preocupação se deve tanto ao aumento do custo de produção, principalmente com aquecimento, mas também com a possível queda de desempenho que alguns lotes apresentam nessa época.

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TIPOS DE AVIÁRIOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Produtores que possuem aviários convencionais, tendem a se preocupar principalmente com os problemas ocasionados pelo frio, como ascite, desuniformidade de lotes, camas extremamente molhadas e redução do consumo de água e ração. Com certeza, não estão errados, pois esses fatores podem prejudicar muito o desempenho dos lotes e deixar as aves mais suscetíveis a algumas doenças.

Por outro lado, os produtores que possuem modelos mais modernos, chamados de aviários climatizados, ganharam novas preocupações, os gases. Isso porque a tecnologia de ventilação negativa exige que o aviário seja extremamente vedado, diferente do aviário convencional, onde além da vedação ser bem inferior, as lonas normalmente não são laminadas, permitindo a troca de gases com o exterior.

GASES NOCIVOS EM AVIÁRIOS CLIMATIZADOS

São vários os gases nocivos para as aves, mas os que conseguimos medir com facilidade são o dióxido de carbono (CO2) e amônia (NH3), além da poeira que podemos visualizar com facilidade. Normalmente os outros gases nocivos têm seus parâmetros proporcionais ao CO2 ou a NH3, então se mantermos esses controlados possivelmente os outros também estarão.

O CO2 é produzido pelo metabolismo intracelular nas mitocôndrias, sendo um gás incolor, insípido e inodoro. Os problemas dos altos níveis de CO2 estão mais ligados a quedas no desempenho do que a problemas sanitários. Porém, são poucos os estudos que mostram qual a concentração exata e qual o tempo de exposição que começa a prejudicar o desempenho das aves. Na observação das aves expostas a altos níveis pode-se observar principalmente letargia, tendência de ficar com o bico na cama e pouco consumo de alimento e água.

Já a NH3 é formada da decomposição do ácido úrico eliminado pelas aves via fezes. Sendo um gás extremamente irritante tanto para o ser humano quanto para as aves. Seus efeitos patológicos já são bem conhecidos e estudados a muito tempo, que vão desde danos oculares, ceratoconjuntivite, inflamação da mucosa dos pulmões, perda de cílios traqueais e acúmulo de muco na traqueia, tudo isso de acordo com a concentração e tempo de exposição.

A poeira encontrada em instalações avícolas consiste em 85% de matéria orgânica, sendo que destes, 80% são referentes a estreptococos e estafilococos (Hartung 1994). Além das aves, os seres humanos que trabalham em condições de alta concentração de poeira podem estar mais suscetíveis a doenças respiratórias, devido a inalação da poeira e a mesma servir como meio de cultura para outros agentes infecciosos.

O SISTEMA RESPIRATÓRIO DE AVES E SEUS MECANISMOS DE DEFESA

Para evitar infecções, o sistema respiratório possui alguns mecanismos de defesa natural, o primeiro é a filtração do ar inspirado pelos cílios do trato respiratório superior, onde partículas muito grandes de poeira são conduzidas ao bico das aves para que sejam deglutidas e eliminadas nas fezes. O segundo mecanismo é o epitélio mucociliar da traqueia e brônquios, que produzem muco como forma de resposta a uma agressão, este muco liga-se às partículas que estão fazendo a agressão e através dos cílios também são conduzidos para o bico da ave e deglutidas. Como última linha de defesa natural temos a fagocitose nos parabrônquios, partículas que passam pela primeira e segunda linha de defesa tendem a ser fagocitas, porém esse processo de fagocitose não é tão rápido podendo ocasionar um processo infeccioso antes mesmo de ser totalmente fagocitado.

Quando os mecanismos de defesa naturais são vencidos, os animais tornam-se mais susceptíveis a enfermidades (Berchieri et al., 2009). O CO2, a NH3 e a poeira, não só prejudicam os índices zootécnicos como também quebram essas barreiras naturais, tornando frequente os problemas respiratórios em aves, como bronquite infecciosa, metapneumovírus, escherichia coli, entre outras.

O controle dos gases é tão importante para a avicultura quanto o controle de temperatura, e para mantê-los em níveis seguros devemos ter um bom manejo de cama, principalmente no intervalo de lotes, mantendo a mesma bem seca para evitar excesso de NH3 e manter o aviário bem ventilado, visando remover a poeira, o CO2 e a NH3, que em alguma quantidade sempre vai estar presente. Essa ventilação deve ser controlada e seguir preceitos técnicos, assim como os equipamentos envolvidos, por exemplo – os inlets precisam seguir as recomendações de uso, para que além da quantidade ideal de renovação de ar possamos disponibilizar essa ventilação com qualidade sobre as aves.

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