Cobb-Vantress destaca estratégias de manejo de inverno para melhor desempenho de frangos de corte

Especialista da Cobb-Vantress, José Luis Januário, lista ferramentas mais importantes para um manejo mais efetivo em dias frios

O inverno é desafiador para nós, da avicultura, que devemos fazer um pouco mais no manejo para as aves e enfrentar as mais duras mudanças de tempo durante dias e noites. Mas, quanto é eficiente esta preparação? Temos tecnologias e equipamentos, sistemas de aquecimento e estrutura de construções de aviários para nos ajudar neste desafio?

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E chegou, juntamente com o inverno, a nossa dificuldade de aquecer as granjas, vedar de maneira satisfatória os aviários e usar estruturas de matérias e manejos mais efetivos para tornar o bem-estar das aves mais agradável e buscar resultados zootécnicos maiores. Estes se tornam assuntos frequentes e necessários nesta fase do ano. Sabem quais são as ferramentas mais importantes que temos em mãos?

Isolamento e vedação de aviários
Já sabemos que uma granja forrada, além de ajudar no isolamento do calor e do frio que vem do telhado, com forro diminuímos o espaço físico, ou seja, a área a ser aquecida. Também já não deve ser protocolo de teste nenhum fazer um bom cortinado duplo para isolar das intempéries climáticas.

Dentre as tecnologias e os equipamentos que melhor devemos instalar, de maneira correta, nas granjas são as cortinas de vedação dos aviários. Elas devem ser, no mínimo, um cortinado duplo, bem instalado, esticados, evitando dobras, um no lado interno e outro no lado externo das colunas dos aviários. Em casos de uso de cortinas plásticas de rafia, é importante ter laminação dupla. Estas duas cortinas devem ter sua vedação em forma de envelope nas laterais e parte de cima, além de serem bem fixadas na mureta interna e externa dos aviários. Outro ponto importante seria que as duas cortinas duplas devem abrir de cima para baixo, para que o ar mais frio entre sempre pela parte superior. O ar mais frio, mais denso e pesado, deve se misturar com o ar quente e menos denso que se acumula na parte superior interna dos pinteiros e, assim. fazer o propósito de se aquecer antes de baixar ao nível das aves, sem velocidade de vento e com temperatura mais alta.

Os galpões convencionais, de pressão positiva, que são a grande maioria na América do Sul, têm seus melhores resultados nos períodos frios pelo fato de fecharmos as cortinas, colocarmos cortinas duplas e ventilarmos minimamente para não perder o calor do pinteiro. Estes aviários muitas vezes ganham em performance no inverno dos modernos galpões climatizados. Mas, eles poderiam ter resultados ainda melhores com simples manejo de cortina de forma mais frequente durante a noite. Para produtores e funcionários fazerem o manejo, que é manual, a renovação do ar fica mais eficiente nestes tipos de aviários pela abertura sistemática das cortinas interna e externa, e esta abertura deveria ser mais frequente. Então, um mecanismo eletromecânico que controla a abertura e fechamento das cortinas, hoje já existente no mercado, faria este manejo de forma eficiente e automática durante todo o dia e de acordo com a necessidade de renovação mais frequente de ar dos pinteiros. Vejam as fotos ilustrativas abaixo.


Figura 3 – Esquema de abertura de cortinas laterais, onde trabalhamos em conjunto com o vento predominante na granja, abrindo menos de um lado, criado uma pressão positiva de entrada, e abrindo 4 vezes mais do lado oposto, liberando o ar que sai com mais facilidade.

Para galpões melhores climatizados, e o uso de inlets, janelas de entrada de ar
Todo ar frio e renovador deve entrar pela parte superior do ambiente. Por isto, nos galpões climatizados de pressão estática negativa sabemos da importância de utilizarmos os “inlets”, janelas de entrada de ar. Eles são usados para segmentar a entrada do ar ao longo da lateral dos aviários, fazer o ar entrar por cima dos pinteiros, aquecendo gradativamente o ar, que entra frio e mais úmido, e diminuir a umidade dele. Assim, conseguimos fazer os manejos de ventilação mínima e transição mais perfeito e eficiente para melhores condições ambientais dentro dos aviários.

Os inlets conseguem, de maneira efetiva e bem trabalhada, baixar até 75% da umidade do ar de fora para dentro da granja. Em números práticos e importantes, conseguimos manter as temperaturas mais aquecidas dentro das granjas, com baixíssima sensação de vento sobre as aves, e de maneira mais importante ainda para o controle de ventilação mínima e de umidade, baixamos em 25% a umidade relativa do ar interna da granja. Lembremos aqui que a umidade é a grandeza de maior impacto no manejo de ventilação e ambiência da avicultura.

Proteção para aves jovens, um bom empenamento
As aves são animais homeotérmicos e sua habilidade para manter a temperatura corporal constante se completa somente entre a 3ª e 4ª semana de vida na granja, quando a homeotermia, ou a capacidade de manter e controlar a temperatura corporal, vai se completando até esta idade. Vejam a seguir uma tabela de valor R de isolamento (coeficiente de troca térmica entre superfícies), do sistema tegumentar (pele) e a penugem jovem das aves e as diferenças de proteção que as penas vão dar às aves, de acordo com a idade, nas figuras abaixo.


Figura 4 – Fotos de pintinhos com 3 dias, 13 dias, 33 dias, mostrando a diferença de proteção que as penas vão dar as aves apenas depois do empenamento completado.


Fonte: Professor Brian Fairchild- UGA 2019. Figura 5 – Valor R de isolamentos das aves.

É muito importante, então, manter as aves em sua mais perfeita condição de homeotermia, e não existe temperatura ideal dentro do aviário para buscar isto, este conforto. O que precisamos observar sempre, e tentar manter mais próximo disto, desde o pré-alojamento, é um piso debaixo do material de cama em 28°C, a superfície da cama acima de 32°C, e o comportamento das aves vai dizer se os parâmetros estão dando condições para o conforto. Lembrem-se que buscamos, desde o nascimento até o 5°dia de vida, uma temperatura corporal desejada de 40º a 40,6°C das aves. E após o alojamento, segue uma tabela de temperaturas desejadas para as elas.


Figura 6 – Tabela de temperatura desejada, ambiente e camas aquecidos.

Sistemas de aquecimento
A maioria das granjas de frangos de corte no Brasil utiliza a madeira como combustível, em forma de lenha, cavaco, briquetes e pellets. Também se aquece com gás, excelente aquecimento de cama pela radiação direcionada ao piso, maior uniformidade de temperatura ao longo do aviário, nas aberturas de espaços dos pinteiros, mas também altos custos e importante vedação e isolamento.

Outras fontes para aquecimento espacial do ar, como trocadores de calor, canos de água quente nas paredes abaixo dos inlets, ou no piso, aquecedores a óleo e elétricos, aquecedores ambientais a gás já aparecem como outras opções, mas cada qual com suas especificidades de funcionamento.

Como cálculos de aquecimento ambiental (espacial), um número sugestivo para regiões mais quentes é de, ao menos 170 Btu´s/metro cúbico do aviário (43 Kcalorias/m³) dentro da área de recebimento, e, para as regiões frias, ou que ao menos tem temperaturas abaixo de 10°C durante a noite, devemos usar no mínimo 230 Btu´s (58 Kcalorias/m³) de poder calorífico, contando toda a cubicagem do aviário para o sistema funcionar mais eficiente possível nas granjas. Já o aquecimento por irradiação, a relação indicada seria 600 Btu´s por metro quadrado de área a ser aquecida. É importante fazer este cálculo com ao menos 70% de área do aviário.

Garantir o aquecimento e depois a ventilação mínima
Muitas vezes vemos vedações boas, mas é importante abrir as cortinas laterais com regularidade para o ar ser renovado. Mas, muitas vezes não renovamos o ar por causa do frio, mas nos esquecemos que a qualidade dele vai atrapalhar o desenvolvimento das aves da mesma maneira que o frio e o vento vão retardar o crescimento e impactar no correto desenvolvimento de todos os sistemas corporais das aves.

Problemas respiratórios, traqueítes, aerossaculites, congestões pulmonares. Estes são problemas frequentes de baixa qualidade de ar, e que muitas vezes são consequências do frio e das ações do frio sobre as aves jovens. Como referência, baixas temperaturas podem aumentar a hipertensão pulmonar e aumentar a atividade da tireoide. Nesse contexto, a ascite pode aparecer desde o manejo das primeiras semanas e se tornar frequente durante as épocas frias (HERNANDEZ, 1987). Vejam que isso não é novo, mas os problemas ainda acontecem.

Por isso é muito importante fazer e promover regularmente uma troca de ar. O ideal é trocar, em média, a cada 5 minutos. E as recomendações para o verão é entre 450 e 1.200 ppm de CO2. Já em períodos mais frios, o limiar pode aumentar para limites de 2.500 ppm (bem administrados). Já o nível superior de amônia, que é de 25 ppm, também deve ser levado em consideração pelo mesmo critério. E quanto mais baixa é a umidade, mais baixo, e bom, será o nível de amônia.

Ajuda de ventiladores circuladores e desestratificadores de ar
Para uniformizar o calor no aquecimento, melhorar o aquecimento e economizar combustíveis para aquecimento, a instalação de ventiladores circuladores de ar (stir fans), que podem ser comuns ou verticais, pode ajudar. O importante é misturar o ar dentro da área de recepção.

Figuras 7 e 8 – Stir fans (ventiladores) modelos americanos, de 10 a 24 polegadas. E os ventiladores normais de 36 polegadas, que fazem o ar circular e se misturar.

Fonte: Professor Michael Czarick- UGA – 2019. Figura 9 – Em azul a umidade relativa mais alta ao nível das aves, comparando em vermelho ao nível abaixo do forro, onde é mais quente e a umidade mais baixa.

Fonte: Michael Czarick- UGA – 2019. Figura 10 – Igualando a umidade, quando se liga os ventiladores circuladores e o ar começa a circular, a umidade diminui e se iguala desde logo abaixo do forro, até o piso.

 Conclusões
Em resumo, as tarefas mais importantes nas granjas são manter as aves em homeotermia (temperatura corporal constante), oferecer aquecimento adequado, temperaturas desejadas, controle de umidade, vedando e isolando as granjas, mantendo a qualidade do ar, controlando a ventilação mínima e tentar ao máximo manter os parâmetros de conforto das aves. Estas são condições simples e mínimas para termos bons e melhores resultados em nossas criações.

Referências consultadas:
Guia de Manejo de Frangos e Matrizes Cobb 2018, 2022.

John Worley, Farm Structures and Waste Handling (Estruturas para Galpões e Manejo de Resíduos), 1995.

Bucklin, R.A., R.W. Bottcher, G.L Van Wicklen, M. Czarick. 1993. Reflective Roof Coatings for Heat Stress Relief (Revestimentos Refletivos em Telhados para Alívio do Estresse Calórico).

GONZALES, E.; MACARI, M. Enfermidades metabólicas em frangos de corte. In: BERCHIERI Jr., A.; MACARI, M. Doenças das aves. Campinas: FACTA, 2000. p.451-464.

HERNANDES, R. Efeito da exposição ao frio sobre a resposta pulmonar e cardíaca de Hsp 70 em frangos de corte resistentes e suscetíveis à síndrome ascítica. 2000. 100f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista.

José Luis Januário é especialista em Frangos de Corte e Ambiência da Cobb-Vantress na América Latina. 

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