Artigo: Plantando no hoje, para colher um amanhã

Por Henrique Galvani

Embora 2024 já tenha ficado para trás, seus impactos ecológicos ainda ecoam. Em abril, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou a pior enchente dos últimos 80 anos. No cenário global, o ano passado também foi marcado como o mais quente já registrado. De acordo com a versão provisória do Estado Global do Clima, publicada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a temperatura média da superfície global ficou 1,54°C acima da média histórica de 1850/1900, até setembro do ano passado. Com este valor, o período supera a temperatura média global de 2023.

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Esse cenário de aquecimento global gerou severas secas em diversas regiões do Brasil, exacerbando incêndios florestais, especialmente na Amazônia. Em 2023, a região registrou o maior número de queimadas em 17 anos, o que agravou as perdas na produção agrícola e afetou a economia e a segurança alimentar do país. Esses eventos refletem um risco iminente não só ambiental, mas também econômico, com uma possível queda de R$ 300 trilhões na economia mundial devido aos efeitos das mudanças climáticas, segundo estudo publicado na revista Nature.

Estamos, portanto, em um ponto crucial: é hora de plantar no presente para garantir um futuro mais sustentável. É nesse contexto que surgem as startups verdes, empresas que desenvolvem soluções tecnológicas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, reduzir emissões de gases de efeito estufa e promover práticas sustentáveis em diferentes setores.

O diferencial das startups verdes está em sua capacidade de agir com agilidade e eficiência, uma vez que operam com estruturas enxutas e altamente tecnológicas, permitindo a rápida adaptação e escalabilidade. Diferentemente das grandes corporações, que enfrentam burocracias e processos lentos, essas empresas podem implementar novas soluções de forma mais ágil e escalável.

Segundo o relatório “Contribuição do Venture Capital para Floresta e Clima”, da gestora KPTL – Venture Capital  e consultoria Impacta, o Brasil possui 1.829 startups de impacto, sendo 1.466 voltadas para Floresta e Clima. No entanto, apenas 10% dos negócios investidos são florestais, com foco em reflorestamento e restauração – uma lacuna que precisamos urgentemente preencher.

A urgência da transição climática é um desafio global, mas os números indicam que precisamos acelerar o financiamento em startups de clima. A expansão das tecnologias verdes/climática será indispensável para a transição energética e climática, mas o financiamento atualmente está aquém do necessário para viabilizar essa transição.  De acordo com o estudo Scaling Growthstage Climate Tech Companies da BARCLAYS, globalmente, apenas 16% das necessidades de financiamento climático estão sendo atendidas atualmente, o que significa que os investimentos em startups de clima precisam aumentar mais de seis vezes – para US$ 4,35 trilhões anuais até 2030 – para que possamos alcançar as metas climáticas.

O Brasil, com sua vasta diversidade e recursos naturais, tem um papel fundamental nessa jornada. O agro brasileiro tem uma posição privilegiada e estratégica no cenário global. Por isso, precisamos investir cada vez mais em tecnologias que unam produção eficiente, regeneração ambiental e adaptação climática. Acredito que a verdadeira transformação só ocorrerá por meio da colaboração entre a iniciativa privada e políticas públicas robustas, que devem garantir o direcionamento de investimentos e esforços para alcançar um futuro sustentável. Como diz o ditado popular: “É a união que faz a força.” Juntos, podemos construir um futuro mais verde e próspero.

Formado em Ciências Contábeis pela Universidade Paulista, Henrique Galvani éCEO da Arara Seed, primeira plataforma de investimentos coletivos do setor do Agronegócio. Com uma atuação de 12 anos no segmento agro, o executivo tem passagens por empresas como Grupo BLB Brasil, BLB Ventures e Biosev.

FONTE: Assessoria de imprensa

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