Milho, soja, diesel e energia sobem e castigam a avicultura – Por: Egídio Serpa

 

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Consumo de ovos e carne de frango cai e se aproxima dos níveis de 2018. Os ovos de tamanho grande somem nos supermercados.

Nuvens carregadas pairam sobre a atividade da avicultura brasileira – a cearense no meio. A causa são os custos de produção que subiram bastante nas últimas semanas, a começar pelo preço do milho e da soja, matérias primas que entram na composição da ração servida ao plantel das granjas avícolas, as quais são transportadas desde Goiás, Bahia, Tocantins, Piauí e Maranhão até aqui, pagando frete rodoviário que duplicou de valor por causa do aumento dos combustíveis.

Marden Vasconcelos, vice-presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), revela:

“Os preços do milho e da soja subiram 150% nos últimos meses. Elevaram-se expressivamente, também, os preços do óleo diesel, encarecendo os fretes rodoviário e marítimo e, ainda, os da energia elétrica e das embalagens, insumos que têm peso significativo na composição dos custos da avicultura”.

“Nosso setor não tem condições de repassar esses custos para o consumidor, cujo poder aquisitivo não suportaria. Então, o avicultor tem de ser inteligente e ágil para rentabilizar o seu negócio nesta adversidade. Há algumas oportunidades nesta dificuldade: os preços da carne bovina e outras proteínas animais ficaram caras, e assim o ovo e a carne de frango tornaram-se, novamente, a opção alimentar da maioria dos brasileiros”, explicou, destacando que “este é um problema de todos os setores de produção de proteína animal”.

Vasconcelos informa que, nos últimos anos, o consumo nacional experimentou um excelente incremento, “mas neste 2022 ele se depara com “uma queda muito grande, a ponto de estar apontando para um retorno aos níveis de 2018”.

Empresários da agropecuária cearense, por sua vez, sugerem que o governo do Estado amplie e acelere os projetos de produção de grãos, principalmente milho e soja.

“É algo que não se faz da noite para o dia, mas que deve ser o foco do governo. Há boas iniciativas já iniciadas e que poderão servir de ponto de partida para um programa prioritário para o aumento da produção agrícola do Ceará”, como disse à coluna o presidente da Federação da Agricultura (Faec), Amílcar Silveira.

Um grande agricultor, que pediu anonimato, lembrou que o PIB do Ceará cresceu 6,6% no ano passado de 2021, ao mesmo tempo em que sua arrecadação tributária cresceu o dobro no mesmo período. Na sua opinião, o governo cearense “tem margem para incentivar a cadeia produtiva da agropecuária”.

“Que tal, neste momento de crise, reduzir um pouco o ICMS incidente sobre os insumos da cadeia produtiva da agropecuária, como energia elétrica, combustíveis e embalagens?”, sugeriu ele.

A propósito: os altos custos de produção levaram à garra, em passado recentíssimo, quase todos os pequenos avicultores do Ceará.

Hoje, os sobreviventes do setor são empresas que, algumas bem-organizadas e capitalizadas, desafiam as dificuldades e seguem investindo no negócio, chegando a ampliá-los, como é o caso da Tijuca Alimentos, Granja Regina, Cialne, Emape e Avine.

Um consultor do mercado avícola revelou à coluna um detalhe interessante sobre algo que se passa hoje na avicultura:

Como uma alternativa para reduzir seus custos de produção, as granjas da Região Metropolitana de Fortaleza e de alguns municípios do interior, decidiram suspender a produção de ovos de tamanho grande.

Hoje, nos supermercados, o que está à venda, em embalagens de papelão, são ovos pequenos, pois até os médios também sumiram, o que é fácil de constatar.

Essa suspensão – acrescenta a fonte – tem a ver com os elevados custos de produção hoje praticados.

A avicultura é uma atividade empregadora intensiva de mão de obra, mas utiliza tecnologias na fase de produção, na de embalagem, no transporte e na comercialização.

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