Você já viu no vídeo publicado no BLOG na semana anterior, o trabalho de compartimentalização da Avicultura visando a minimizar o impacto das doenças emergenciais como a Doença de Newcastle.
Os próximos 04 textos irão tratar de diversos aspectos sobre essa importante enfermidade avícola, como um breve histórico, etiologia, sinais clínicos, diagnóstico, controle e prevenção.
Este primeiro texto abordará quando surgiram os primeiros casos da doença no mundo e em território nacional, a classificação taxonômica atualizada do vírus e suas principais proteínas estruturais. Aproveite!
Infecção viral aguda, altamente contagiosa e que afeta as aves (silvestres e comerciais), a doença de Newcastle, também conhecida como pneumoencefalite aviária ou pseudo peste aviária, é uma das doenças de maior importância na indústria avícola.
O primeiro surto reconhecido da doença ocorreu em 1926, em Java, na Indonésia. Embora casos semelhantes tenham sido relatados anteriormente na Europa Central, foi em 1927, que o pesquisador Doyle, após verificar surtos da doença em Newcastle, na Inglaterra, resolveu batizá-la com o nome daquela cidade.
No Brasil, a doença de Newcastle teve o primeiro surto relatado na região Norte, nas cidades de Belém (PA) e Macapá (AP), ainda no início da década de 50. Atualmente, apesar de distribuída em todo o território nacional, a doença está sob controle. A última ocorrência registrada no Brasil foi em aves de subsistência, em 2006, nos estados do AM, MT e RS.
O vírus da doença de Newcastle (VDN) pertence à família Paramyxoviridae, que contém quatro subfamílias: Orthoparamyxovirinae, Metaparaymyxovirinae, Rubulavirinae e Avulavirinae. A subfamília Avulavirinae, por sua vez, é subdividida em três gêneros: Metaavulavirus, Orthoavulavirus e Paraavulavirus. É dentro do gênero Orthoavulavirus que encontramos o paramixovírus aviário 1 (APMV-1). (Figura 1.)
Figura 1: Classificação taxonômica do VDN.
Fonte: Adaptado de International Committee on taxonomy of Viruses (ICTV)
Há um total de 21 vírus compondo esta subfamília até o momento, sendo dois no gênero Metaavulavirus, dez no gênero Paraavulavirus e nove no gênero Orthoavulavirus, e todos eles foram isolados de aves domésticas ou silvestres.
O paramixovírus aviário 1 (APMV-1), agente etiológico da doença de Newcastle, é um vírus envelopado de RNA fita simples que possui uma morfologia esférica e um nucleocapsídeo em espiral. Seu material genético codifica seis genes responsáveis por seis importantes proteínas: hemaglutinina-neuraminidase (HN), fusão (F), matriz (M), fosfoproteína (P), nucleoproteína (N) e polimerase (L). (Figura 2)
Figura 2: Partícula viral do VDN e suas proteínas estruturais.
Fonte: Adaptado de https://eol.org/
As duas glicoproteínas projetadas a partir do envelope viral são: HN e F. A hemaglutinina-neuraminidase (HN) tem participação relevante no processo de infecção, sendo responsável pela adsorção do patógeno nas células do hospedeiro e consequente liberação das partículas virais nessas células. A atividade hemaglutinante também é uma característica desta proteína o que torna o teste de inibição da hemaglutinação (HI) uma possibilidade de diagnóstico da doença.
Já a proteína F tem esse nome por conta do importante papel na fusão do envelope viral com a membrana da célula hospedeira. Foi a partir da retirada de parte do gene da proteína F que os pesquisadores elaboraram as vacinas vetorizadas com proteção contra a doença de Newcastle + Marek. O vírus de Marek (HVT) é geneticamente modificado para carrear e expressar este antígeno (proteína F), conferindo assim proteção frente a essas duas enfermidades. O mecanismo de ação da vacina se dá pelo bloqueio da fusão do vírus com as células do hospedeiro, reduzindo assim a infecção e garantindo a proteção desejada.
No próximo texto, abordaremos aspectos de epidemiologia, classificação do vírus em patotipos, sinais clínicos e lesões mais comuns, assim como sua importância para a saúde pública. Não perca!
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Autor:
Antônio Neto – M.V Serviços Técnicos | Zoetis – Aves