Granja Faria detém 7% do pulverizado mercado nacional de ovos, com produção de 3,6 bilhões de dúzias por ano. FOTO: WILTON JÚNIOR/ESTADÃO
Por Sandy Oliveira, Clarice Couto, Isadora Duarte e Leticia Pakulski
A Granja Faria, líder do fragmentado mercado de ovos, com 7% da produção no País, ou 3,6 bilhões de dúzias/ano, quer crescer 25% em faturamento em 2022, para R$ 1,4 bilhão. Vendas de ovos especiais e de galinhas criadas soltas devem puxar o avanço, diz Ricardo Faria, o proprietário, além da substituição de carnes por ovos, tendo em vista a queda do poder aquisitivo da população. Aquisições também estão nos planos e devem continuar, após a incorporação, que começou em 2021, de três fábricas de fertilizantes em Minas Gerais, Paraná e Tocantins, no valor de R$ 50 milhões, e de uma granja de poedeiras que atenderá o Distrito Federal e Goiânia. “Queremos reforçar ainda este ano nossa presença no Centro-Oeste e no Nordeste”, adianta.
Investimento também em grãos
Com aporte anual de R$ 120 milhões, a Granja Faria avança em novos segmentos, como o de grãos. Por meio da Insolo, que produz no Maranhão, Tocantins e Piauí, prevê plantar 180 mil hectares de soja e milho na safra 2022/23. Essa produção não é destinada às granjas.
Área tratada com biológicos deve crescer
A Insolo aposta no controle biológico de pragas e doenças em 15% de suas lavouras, ou 25 mil hectares, com R$ 15 milhões de investimento este ano. “Temos um centro de pesquisa que identifica inimigos naturais das pragas”, diz Faria. A empresa espera, até 2023/24, cobrir 50 mil hectares com a tecnologia.
Evolução. A Casale, que lidera as vendas de misturadores de ração para gado no Brasil, calcula crescer em 2022 mais que os 30% estimados para o mercado, conta Mario Casale, o CEO. A expansão reflete o avanço tecnológico na pecuária e a demanda por carnes mais nobres, cuja produção depende de tecnologias para fazer rações mais nutritivas. “É uma tendência o aumento, ano após ano, da quantidade de animais engordados em confinamentos, que eleva a procura por nossas máquinas”, diz.
Um pé lá. No plano de negócios da Casale está ampliar sua internacionalização, o que implicará ter estrutura física fora do País, conta o executivo. “Em no máximo dois anos seremos uma multinacional”, projeta. Para viabilizar a expansão, a empresa cogita captar recursos junto a um investidor. “Nos próximos cinco anos os investimentos serão múltiplas vezes maiores que nos últimos cinco.”
Disparou. A argentina GDM Seeds, que um ano atrás já era líder no mercado brasileiro de sementes de soja, com 43% de participação, agora detém 53%, segundo a empresa de pesquisas Kynetec. Em 2.º e 3.º lugares continuaram Bayer e TMG. Júlio César Poletto, líder de Negócios, atribui o avanço à tecnologia e a investimentos em pesquisa – R$ 360 milhões só no Brasil. A empresa desenvolveu uma soja com menor teor de alguns açúcares, especialmente para rações, que deve chegar ao mercado em três anos.
Grande aposta. A baiana Galvani Fertilizantes está investindo R$ 2,5 bilhões para extração e produção de fosfato em Santa Quitéria (CE). O projeto contará com uma mina e uma fábrica de beneficiamento de fosfatados, conta Rodolfo Galvani Jr., presidente do Conselho de Administração. A empresa prevê produzir 1 milhão de toneladas anuais de fosfatados e 220 mil toneladas/ano de fosfato bicálcico – para ração. Em plena operação, a indústria deve atender, junto com a produção atual da Galvani, 25% da demanda do Norte e Nordeste pelo insumo.
Para frente. A expectativa da Galvani é iniciar as obras de Santa Quitéria no fim de 2023 e colocar a fábrica em operação no 2.º semestre de 2025. O projeto está em licenciamento ambiental. A Galvani espera atender produtores de soja, milho e algodão do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia com adubos fosfatados e criadores de gado com o bicálcico. “Queremos aumentar a participação de mercado no Maranhão, Tocantins e Piauí, hoje de 5% a 10%, e manter no oeste da Bahia, de 30%”, diz.
GIRO
Febraban pede ao governo mudanças no crédito rural
A Febraban pediu ao governo mudanças relacionadas ao valor obrigatoriamente destinado ao crédito rural, extraído dos depósitos à vista dos correntistas. A entidade quer manter, na próxima safra, os mesmos R$ 68,4 bilhões da safra 2021/22. Alega que, se os recursos aumentarem, os bancos não conseguirão distribuir todo o dinheiro aos produtores.
VEM Ai
Semana será decisiva para o mercado de grãos
A semana será agitada no agro: o Ministério da Agricultura lança na quarta-feira, às 17h, o tão aguardado Plano Safra 2022/23 e, no dia seguinte, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulga seu relatório de área plantada – um dos mais esperados pelos investidores, por causa do aperto na oferta mundial de grãos.
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