Devido ao clima irregular para o plantio, a expectativa de produtividade média potencial foi revisada para baixo
A DATAGRO Grãos, em seu terceiro levantamento sobre a safra 2023/24 de soja do Brasil, ratifica a tendência de o País registrar o 17º ano consecutivo de incremento da área plantada com a oleaginosa, passando de 44,684 milhões de hectares na temporada 2022/23 para 45,364 mi de ha no atual ciclo, o que representa um aumento de 1,5%.
“Evidentemente, são números preliminares e sujeitos a ajustes nos próximos levantamentos”, comenta Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de conteúdo da DATAGRO Grãos. “Mais uma vez, os fatores de estímulo ao cultivo da soja dominaram sobre os restritivos e estão prevalecendo na decisão dos produtores brasileiros, mas bem diferente da empolgação vivida na definição da área nas últimas duas safras”, complementa.
Mas devido ao clima irregular para o plantio, a expectativa de produtividade média potencial foi revisada para baixo, de 3.581 kg/ha apontados em outubro para 3.451 kg/ha neste levantamento, 2,0% inferior à safra 2022/23, de 3.522 kg/ha. E, a depender do clima, com possibilidade de novas reduções.
Com isso, a produção potencial foi reavaliada para 156,573 milhões de toneladas, 4,4% inferior à estimativa de outubro, de 163,719 mi de t. Em caso de confirmação, esse volume ficaria 0,4% abaixo da safra recorde colhida neste ano, de 157,227 mi de t.
Novos cortes nas estimativas de área e produção de milho
O levantamento da DATAGRO Grãos confirmou tendência de retração na área semeada de milho de verão e de inverno 2023/24 no Brasil. A projeção para a área de verão é de 4,137 mi de ha – 2,737 mi de ha no Centro-Sul e 1,400 mi de ha no Norte/Nordeste –, 115 mil ha a menos do que o apontado na intenção de plantio, o que representaria uma retração de 8,2% ante a temporada anterior.
Considerando os impactos relativamente positivos do El Niño e com utilização de bom padrão de tecnologia, a 1ª safra de milho tem potencial de produção de 25,869 mi de t – 20,269 mi de t do Centro-Sul e 5,600 mi de t do Norte/Nordeste –, 7% inferior à prejudicada safra colhida em 2023, de 27,864 mi de t.
Já para a safra de inverno 2024, embora seja cedo para a definição, a tendência de retração na área aumentou desde outubro em virtude das dificuldades na semeadura da soja. No total Brasil, a projeção é de 17,377 mi de ha, 7% abaixo dos 18,620 mi de ha deste ano. Seriam 14,537 mi de ha do Centro-Sul e 2,840 mi de ha do Norte/Nordeste.
Considerando clima regular, apesar de limitado pela influência do El Niño, a previsão de produção da 2ª safra passou de 98,228 para 93,756 mi de t, 13% aquém das 108,245 mi de t da revisada e recorde safra atual – 84,657 mi de t do Centro-Sul e 9,099 mi de t do Norte/Nordeste.
No total das duas safras, o Brasil tem previsão de área para 2023/24 de 21,514 mi de ha, 7% abaixo dos 23,126 mi de ha deste ano, e produção potencial de 119,625 mi de t, 12% inferior à safra atual, de 136,109 mi de t.