Nova investigação expõe condições imundas e sofrimento animal em diversas fazendas de suínos no Brasil

Gravações inéditas feitas pela ONG Sinergia Animal mostram porcas grávidas mantidas em gaiolas, ambientes sujos e procedimentos controversos em filhotes

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“As gaiolas de gestação causam intenso sofrimento físico e psicológico aos animais, o que levou a prática a ser banida no Reino Unido e em diversos países. No Brasil, infelizmente, as imagens mostram que milhares de porcas ainda vivem nessas condições terríveis — essas gaiolas ainda são amplamente usadas no setor agropecuário nacional. As porcas passam meses aprisionadas durante a gravidez e, após parir, são mantidas em gaiolas de lactação. É um ciclo de confinamento extremo”, diz Cristina Diniz, diretora da Sinergia Animal no Brasil.

Os investigadores da organização também flagraram inúmeras porcas com infecções e complicações graves de saúde, como mastite e prolapsos. Em um depoimento em áudio, a funcionária de uma das fazendas investigadas comentou sobre uma das porcas no local e confirmou que essa é uma situação comum. “Ela jogou o reto dela pra fora. Na hora de criar, como fez muita força, acabou jogando pra fora. Muitas porcas jogam até o útero pra fora, daí morre na hora”, revelou. Segundo ela, os animais que morrem são cortados em pedaços e jogados em uma composteira no local. 

As condições sanitárias são alarmantes. As porcas e seus filhotes são forçados a deitar sobre seus próprios dejetos, sem qualquer possibilidade de se limpar. “Ao contrário do que muitos pensam, os porcos são animais limpos e muito inteligentes. O seu comportamento natural é se deitar o mais longe possível das áreas onde urinam e defecam, o que torna esse tipo de confinamento extremamente estressante e um risco para a saúde”, explica a Dra. Patricia Tatemoto, gerente de bem-estar animal e pesquisa da ONG. Em uma das imagens divulgadas pela Sinergia Animal, a funcionária relata que uma porca com um nódulo visível em uma das mamas desenvolveu mastite, uma inflamação dolorosa comum em fazendas industriais — agravada pelo ambiente imundo e a falta de cuidados veterinários adequados. 

O descaso com o bem-estar animal não afeta apenas as porcas adultas, como também os seus filhotes. Os leitões são submetidos a práticas controversas logo após o nascimento, quando são castrados e têm seus rabos, dentes e orelhas mutilados sem uso de anestésicos e analgésicos. Apesar de proibido pela IN 113/2020 do Ministério da Agricultura e Pecuária no Brasil, a investigação revelou que leitões têm seus dentes cortados com alicates em uma das fazendas. “Tem um alicate, daí abre a boquinha dele e corta só o dentinho dele”, descreve uma funcionária.

“O corte de dentes é uma prática adotada pela indústria para evitar problemas causados ou agravados pelas próprias condições estressantes em que esses animais vivem. A superlotação dos galpões e o ambiente pobre de estímulos positivos podem levar filhotes confinados a se morderem. O tamanho das ninhadas também vem sendo manipulado pela indústria, aumentando ao longo dos anos e gerando mais competição entre os leitões na lactação. E, em vez de melhorar as condições em que os animais são mantidos, a indústria opta por ‘resolver’ a situação que causou com uma mutilação dolorosa”, lamenta Tatemoto. 

Ranking de bem-estar animal

Para a Sinergia Animal, a investigação evidencia o quanto a suinocultura brasileira ainda precisa avançar em bem-estar animal. Anualmente, a organização classifica as maiores produtoras de carne suína do país em seu relatório Porcos em Foco, analisando o progresso do setor para acabar com práticas que causam sofrimento animal. Em 2023, 66% das empresas avaliadas reportaram novas políticas de bem-estar animal.  

“Apesar de observarmos um importante avanço, até o momento nenhuma empresa pontuou o suficiente para se classificar na Categoria A. Ainda mais preocupante é ver grandes produtoras como a Aurora Alimentos, que abate mais de 7,3 milhões de porcos por ano e é a terceira maior do Brasil, entre as últimas colocadas em políticas de bem-estar animal. É inaceitável que uma empresa desse porte ainda permita tanto sofrimento”, aponta Diniz.

A Sinergia Animal pede que os consumidores peçam à Aurora Alimentos para que adote uma política de bem-estar mais contundente, eliminando completamente o uso de gaiolas de gestação em suas operações e proibindo o corte de orelhas — prática conhecida como mossagem e já banida por 7 das 9 maiores empresas de carne suína do país.  

Para assistir a investigação na íntegra, acesse: www.youtube.com/watch?v=60ORNKtOI5o

FONTE: Assessoria de imprensa 
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