Os europeus sempre foram os líderes dessa discussão e há décadas os antimicrobianos melhoradores de desempenho foram proibidos na Avicultura Europeia. No entanto, percebe-se uma expansão dessa corrente de restrição ao uso de determinados antimicrobianos, tanto por determinação legal, quanto por livre iniciativa de empresas produtoras de alimentos em outras partes do mundo.
Exemplo prático dessa tendência é a impressionante adesão e enorme crescimento das empresas americanas de aves ao que se denomina de produção “NAE” – No Antibiotic Ever, onde não se utiliza nenhuma substância antimicrobiana na produção das aves. Esse sistema gera uma mudança tão radical na forma de produção que, inclusive os ionóforos, utilizados como ferramentas de controle da coccidiose são restritos, pois eles também são classificados como antimicrobianos (antibióticos ionóforos) em função da sua produção por fermentação fúngica e atuação em algumas bactérias.
O FDA americano classifica os Ionóforos como antibióticos, já a OMS aprova seu uso para controle de Coccidiose, porque não há impacto na saúde pública, sendo assim, algumas empresas dos Estados Unidos adotaram como política limitar o uso de antibióticos a “somente ionóforos”. No gráfico abaixo é possível verificar a redução do uso de antibióticos ao longo do tempo.
Fonte: Rennier Associates, 2022
No entanto, para que essas mudanças aconteçam e bons resultados sejam conquistados, antes, é necessário que haja planejamento. O próprio país norte-americano, que, dentro de sete anos, saiu de aproximadamente 3% com criação livre de antibióticos para 59%, deve ser observado como uma referência para esse caso.
Agora, quando se fala em produção sem antibióticos, primeiro, há de se considerar dois modelos de criação: o sem antibióticos e o NAE. Esse último é o que vem crescendo de forma mais acelerada nos Estados Unidos. No modelo NAE, não se utiliza droga alguma com ação antibiótica, incluindo algumas drogas anticoccidianas, como os ionóforos, que possuem alguma atividade antimicrobiana. Esses, por sua vez, estão sendo substituídos por anticoccidianos sintéticos, como o Decoquinato e a Nicarbazina.
Em contrapartida, o controle da Coccidiose tem sido mais desafiador em granjas NAE, pois além da redução de antibióticos, os Ionóforos também foram reduzidos, sendo assim, a gestão desse parasita trouxe além de impacto na mucosa intestinal, fez ressurgir com muita força o Clostridium Perfringens.
É muito comum relatos de aumentos das famosas “Clostridioses” em granjas onde há presença de Coccidiose, esse fenômeno está muito bem relatado na literatura, e aproximadamente 90% dos casos de Clostridiose são desencadeados de fatores primários, como é caso da Coccidiose. Portanto, a estratégia para reduzir o uso de antibióticos ou Ionóforos na ração deve ser muito bem planejada para que não haja efeito negativo, principalmente, facilitando o desenvolvimento de outras doenças.
Fonte: Acessória de impressa.