A contaminação do ovo por APEC pode ocorrer tanto no trato reprodutivo da galinha (ovário e oviduto), ou no momento da postura. O mais comum é a contaminação no momento da postura, momento em que o ovo encontra-se à temperatura corporal da galinha e sua exposição ao ambiente o esfria. Com isso, a massa interna se contrai, diminui de tamanho e forma a câmara de ar, produzindo um vácuo, que faz com que o ar externo penetre no interior do ovo (diferença de pressão). Isso favorece a entrada de bactérias através dos poros da casca. (Petersen et al., 2006; Bortolaia et al., 2010).
Outro fator importante na contaminação dos ovos com APEC é a idade das matrizes. Devido à característica de redução da densidade da casca, maior fluidez do albúmen e maior quantidade de ovos de cama, em lotes de matrizes mais velhas, consequentemente, há um maior risco de transmissão de APEC para a progênie.
Segundo estudo publicado por Olsen et al. (2012), matrizes com idade superior a 43 semanas apresentaram maior incidência de APEC na progênie em relação às matrizes com idade inferior. A mortalidade da progênie por colibacilose também teve correlação positiva, avaliando pintos oriundos de matrizes jovens (30 semanas), em relação a matrizes mais velhas (60 semanas), Poulsen et al. (2017). Um estudo publicado por Ronco et al. (2017) revelou que um surto de APEC (ST117 O78:H4) de amostras de frangos de corte, coletadas em diferentes países nórdicos, estava correlacionado à transmissão vertical de um único lote de matrizes contaminadas.
Estudos sobre a transmissão vertical de APEC em frangos geralmente levam em consideração a transmissão de plasmídeos geneticamente semelhantes (pAmpC). Há achados convincentes da transmissão vertical de plasmídeos que abrigam APEC através da pirâmide de produção de frangos (Nilsson et al., 2014; Daehre et al., 2018; Oikarainen et al., 2019). No entanto, estudos também mostram que ocorre uma redução significativa da contaminação dos ovos com APEC, realizando procedimentos simples de desinfecção. Portanto, a incidência de transmissão vertical direta, de matrizes com presença de APEC no oviduto, contaminando a progênie é contestável. Projahn et al. (2017) sugerem que a transmissão de APEC para progênie é “pseudo-vertical”; ou seja, uma mistura de diferentes rotas de transmissão, como contaminação fecal de ovos e falhas no processo de desinfecção nas granjas de matrizes, associado ao ambiente favorável de exposição dos pintos com APEC nos nascedouros nas plantas de incubação.
A planta de processamento do incubatório precisa ser contemplada no levantamento epidemiológico para identificação das cepas/filogrupos/sorotipos mais prevalentes nas diferentes etapas da cadeia. As cepas de APEC de origem ambiental possuem maior capacidade de formação de biofilmes em relação às cepas isoladas de pintos, o que sugere que a formação de biofilmes é importante para a sobrevivência e persistência ambiental. Em estudo realizado por Osman et al. (2018), em 10 incubatórios distintos, identificou-se que as cepas de APEC isoladas em pintos não eram semelhantes às cepas isoladas de amostras do ambiente dos respectivos incubatórios, indicando que a progênie, possivelmente, contaminou-se pelo contato com ovos contaminados durante o nascimento.
Segundo um estudo de Poulsen et al. (2017), a propagação horizontal de APEC no nascedouro foi estimada em 95%, em comparação com os 5% de transferência vertical genuína das matrizes para as respectivas progênies.
Portanto, muitas abordagens de gestão para o controle da APEC que funcionaram bem no passado podem não funcionar tão bem atualmente. E isso pode estar relacionado a programas de desinfecção ineficazes, uso contínuo de antibióticos utilizados há muitos anos na avicultura e falhas no processo de rastreabilidade na cadeia de produção.
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Autor:
Josias Rodrigo Vogt – Assistente Técnico | Zoetis – Aves