DIAGNÓSTICO
Fechar o diagnóstico de reovírus não é tarefa fácil. Tanto a sorologia positiva como seu isolamento são indicativos de sua presença e a existência de atividade viral, nada mais. Por mais alto que sejam os títulos de anticorpos, não necessariamente dizem respeito a um vírus virulento e, para saber se a cepa isolada é responsável por algum quadro clínico, são necessárias avaliações complementares. (R. C. Jones, 2000).
Algumas lesões, como artrite e tenossinovite podem ser sugestivas, em especial se ocorrem em machos reprodutores de linhagens pesadas. Normalmente, identifica-se edema unilateral ou bilateral na região proximal e distal à articulação tibiometatársica, líquido seroso amarelo claro entre os tendões, cartilagens articulares ulceradas, hemorragia nos tendões, fibrose e até ruptura em casos crônicos. Essas alterações conferem uma doença popularmente conhecida como “joelho verde” gerando um aspecto repugnante nas peças para consumo.
Lesões clínicas de frangos de corte com 14 dias de idade com artrite/tenossinovite (A); edema do tendão flexor digital em frango de 28 dias (B); ruptura do tendão flexor digital em frango de corte com 32 dias (C).
De acordo com Cardoso (2020), a interpretação da sorologia em frangos de corte, para reovírus, segue basicamente o princípio esquematizado na figura 1 abaixo:
Legenda: AcM – Anticorpos maternais
Percebe-se que a presença de altos títulos de anticorpos no abate indica que houve atividade viral, sendo que não necessariamente represente doença. Nessa situação é importante verificar os resultados zootécnicos, aparecimento de lesões e demais resultados laboratoriais concomitantes. Se não houve alteração, provavelmente os anticorpos maternais foram capazes de controlar a doença.
O exame histopatológico é fundamental para assegurar que a lesão é compatível com infecção viral. Os órgãos de eleição para esta análise são tendões e articulações, coração e intestinos.
Os métodos moleculares (RT-PCR) também podem ser utilizados para a detecção de reovírus em tecidos infectados. Porém, a metodologia de sequenciamento de genoma completo está sendo mais utilizada com objetivo epidemiológico, permitindo a classificação filogenética dos isolados de reovírus de uma determinada região ou companhia.
As coinfecções são bastante comuns e podem tanto aumentar a gravidade do quadro gerado pelo reovírus como este vírus aumentar a severidade das lesões causadas por outro agente coinfectante. O reovírus aviário pode ter uma relação sinérgica com outros agentes patológicos, como demonstrado em estudo conduzido na China por Yan et al. (2020), onde observou-se uma alta correlação em casos de artrite e aumento significativo na mortalidade em lotes de frango de corte, em que foi possível isolar o reovírus concomitantemente com o adenovírus (sorotipo 4), quando comparado aos casos que apenas um agente foi isolado.
PREVENÇÃO
A transmissão vertical do reovírus impõe aos reprodutores das linhagens comerciais a necessidade do status de livre, como critério de qualidade para a geração de progênie com desempenho adequado, especialmente para frangos de corte. Tendo em vista a infecção em aves jovens, medidas rígidas de biosseguridade são estratégias essenciais para o controle da doença.
Os pintinhos dependem dos anticorpos maternais para se protegerem na fase mais suscetível contra o desafio horizontal ou ambiental. Os níveis de anticorpos estão relacionados à cepa e a sua capacidade infectante; sua virulência – quanto mais virulento maior a chance de desenvolver títulos altos de anticorpos; o tipo de vacina – vacinas inativadas estimulam uma alta produção de anticorpos.
Quando houver uma exposição prévia, mesmo por um vírus avirulento ou vacina viva, a resposta sorológica tende a ser mais alta após uma vacina inativada quando comparada com animais sem essa exposição anterior – efeito “booster”. Essa é outra razão que torna o monitoramento de reovírus tão importante. Recomenda-se coletar soro no dia da vacinação para saber se houve ou não um contato prévio com o vírus e qual foi a resposta imune a essa exposição, mesmo sendo vacinal.
Os principais objetivos da vacinação nas reprodutoras são: prevenir a transmissão vertical, transmitir anticorpos para a progênie e prevenir a doença clínica. As cepas mais comuns presentes nas vacinas são: S1133 tanto em vacinas vivas como inativadas; 1733, 2177 e 2408 ambas em vacinas inativadas. As cepas foram isoladas de diferentes quadros de tenossinovite e síndrome de má absorção. Os programas de vacinação variam, podendo ser realizada a aplicação de vacinas inativadas (1 ou 2 doses), apenas vacinas vivas, ou a combinação de ambas. Regiões de alto desafio podem utilizar a estratégia de hiperimunização das matrizes com duas doses da vacina inativada para produzir e transferir altos níveis de anticorpos à progênie.
As cepas de vacinas comerciais atuais pertencem ao mesmo sorotipo e em algumas regiões podem ser antigenicamente distintas dos vírus de campo variantes circulantes, isoladas de casos de tenossinovite. Portanto, alguns profissionais optam pelo uso de vacinas autógenas, quando se deparam com casos nos quais as vacinas comerciais não conferem um nível de proteção desejado (Sellers, 2017). Uma recomendação segura para um programa eficiente de vacina autógena deve incluir isolados de reovírus com pelo menos 95% de similaridade de aminoácidos com a proteína σC para cepas de campo circulantes (Palomino-Tapia et al., 2018).
O entendimento de como funcionam as ferramentas de prevenção, suas características, benefícios e limitações são essenciais para manutenção da sanidade das aves.
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Autor:
Josias Rodrigo Vogt – Assistente Técnico | Zoetis – Aves