SALMONELLA: A IMUNOPROFILAXIA PODE COLABORAR COM O AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES

 

 

Várias são as ferramentas utilizadas para controle das salmoneloses em aves, mas, nos últimos anos, têm se destacado os programas de vacinação, cada vez mais amplos e eficientes, e que incluem desde as reprodutoras até as aves comerciais, de modo a se evitar que essas moléstias se mantenham nos plantéis. 

A diversidade dos sorovares de Salmonella encontrados na natureza é um fator crítico na dificuldade do controle das salmoneloses. Portanto, a composição inteligente entre vacinas vivas (replicantes) e mortas (não replicantes), buscando-se a maior abrangência possível em relação aos principais sorovares presentes no ambiente, é o caminho certo para a defesa das aves de produção comercial de corte.  

Os principais fatores críticos para a escolha da vacina viva dentro do programa ideal de vacinação estão descritos na tabela abaixo.  

Esses fatores são essenciais quando pensamos em construir um programa de imunização para frangos de corte, considerando que a vacina viva será utilizada tanto nas reprodutoras como nas aves comerciais, constituindo-se em ferramenta adicional para as aves de corte. 

 

A Salmonella é uma enterobactéria e, como tal, a sua relação com a resposta imunológica da mucosa intestinal e com a microbiota tem sido alvo de investigação. Alguns sorovares têm presença mais restrita ao trato gastrointestinal, enquanto outros são também microrganismos septicêmicos, capazes de invadir a corrente circulatória. A resposta imunológica da ave depende do grau de agressão e, principalmente, da capacidade de invasão do sorovar envolvido. 

As infecções por Salmonellas estimulam tanto a imunidade celular quanto a humoral. Infecções primárias provocam a produção do interferon gama (IFNγ) por intermédio das células T helper (CD4+) e células NK (Natural Killer). O INF-γ possui ação efetiva em cepas de Salmonellas virulentas reativas a oxigênio, mas não é essencial para matar cepas avirulentas de vacinas. Entre as inúmeras funções do IFN-γ, ressalta-se a ativação da habilidade dos macrófagos para matar as Salmonellas. 

Os antígenos replicantes vivos, de forma geral, determinam uma sinalização celular que culmina com a ligação do antígeno (mais especificamente, de seu determinante antigênico) a outro complexo proteico chamado MHC-I (complexo de histocompatibilidade maior-I). A apresentação do determinante antigênico ligado a esse MHC permite a interação da célula apresentadora com um linfócito T chamado CD8+. Esse CD8+ evolui para um linfócito T citotóxico, o que, mediante reconhecimento do MHC-I ligado ao mesmo determinante antigênico em qualquer célula infectada, causará a lise desta célula. Esse mecanismo de defesa por ativação dos linfócitos T citotóxicos é particularmente importante no caso das infecções por Salmonella, pois se trata de uma bactéria intracelular facultativa. 

Por outro lado, a interação da Salmonella com o linfócito T CD4+ ocorre por meio de outro complexo proteico, chamado MHC-II (complexo de histocompatibilidade maior-II), o que leva à ativação do linfócito Th (linfócito T helper ou auxiliar). Esse processo, por sua vez, pode gerar dois tipos de resposta, uma chamadaTh1 e outra, Th2. A resposta Th1 gera linfócitos T que ativam macrófagos infectados por bactérias intracelulares; a resposta Th2 gera linfócitos que interagem com linfócitos B sensibilizados pelo mesmo antígeno. 

Comparações entre vacinas inativadas e vacinas vivas demonstraram que as últimas são mais efetivas no estímulo da resposta imune mediada por células, com participação percentual de células CD4+ e CD8+ significativamente maior em relação às vacinas inativadas. Sem sombra de dúvida, as vacinas inativadas e vivas são uma importante ferramenta para se realizar o controle das salmoneloses tanto em aves de vida longa (matrizes e poedeiras comerciais) como em aves de corte, desde que sejam atendidos os requisitos legais e de mercado. Um fato notável concernente à relação entre agente etiológico e hospedeiro é a capacidade da Salmonella invadir a célula e ali sobreviver por longo período. Esse mecanismo adaptativo já está amplamente descrito e é um dos motivos que dificultam o controle por meio da antibioticoterapia. Muitas vezes, o microrganismo escapa dos tratamentos realizados com antibióticos e, nos períodos seguintes, a ave medicada anteriormente apresenta excreção intermitente da Salmonella 

A vacina viva é capaz de alcançar mesmo aquela Salmonella que se encontra no ambiente intracelular, pois ativa o linfócito CD8+, desenvolvendo a atividade citotóxica da célula parasitada. Esse atributo da vacinação resulta em um efeito conhecido como “clearance”, em que o patógeno é combatido no parênquima dos órgãos. Dessa forma, trabalhos científicos têm demonstrado que o uso das vacinas vivas, responsáveis por forte indução de proteção local com estímulo à imunidade de mucosa e maior amplitude de proteção cruzada, é decisivo no controle das salmoneloses, demostrado na tabela abaixo.

 

 

Altos níveis de IgA secretória no lúmen intestinal associados ao alto influxo de linfócitos citotóxicos no parênquima dos órgãos são uma combinação perfeita para proteção contra Salmonellas paratifoides que infectam principalmente o intestino das aves. Dessa forma, o uso da vacina viva (replicante) logo no início da vida das aves tem sido um grande reforço no moderno programa de controle contra as Salmonellas. Isso permite que a ave monte uma resposta imune precoce antes de ocorrer a exposição ao agente do ambiente. A atuação da vacina viva no lúmen intestinal, principalmente pelo estímulo de produção de IgA, é responsável por um fenômeno conhecido como imunoexclusão da Salmonella, em que a imunidade de mucosa seria responsável pelo bloqueio e exclusão do microrganismo.

 

 

Além disso, em aves de vida longa, como as reprodutoras ou poedeiras comerciais, a vacina viva (replicante) atua como primer para as vacinas mortas (não replicante) e também tem atuação parcial em outros sorovares por proteção cruzada. O principal efeito benéfico é a redução de eventual transmissão vertical às progênies por matrizes contaminadas.

Dessa maneira, a escolha do produto para compor o programa de vacinação deve levar em conta o desafio local e é um fator crítico dentro de um adequado controle contra as salmoneloses.


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Autor: Gleidson Salles – M.V. MSc Serviços Técnicos | Zoetis – Aves

 

Fonte: https://www.zoetis.com.br/paineldaavicultura/posts/112-a-imunoprofilaxia-pode-colaborar-com-o-aumento-das-exportacoes.aspx 

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